NÃO AO GARIMPO

Não ao garimpo em terras virgens pois isso é uma coisa básica.

O garimpo só deixa destruição e leva a riqueza para outra nação.

A mãe não quer, o pai não quer, outro acha que quer e até pega.

Mas esses que ouro querem, não sabem o quão triste isso é.

O garimpo é uma teia destrutiva e não compensa o colar, o brinco, o dente.

Não compensa a malária, não compensa uma árvore arrancada.

Não compensa uma vida ceifada, óleo derramando queimado.

Não podemos cavar embaixo de nossos pés, ferir a pele de nossa mãe.

O ouro é frio, duro e não dá para comer. Ele deve ficar lá, no equilíbrio do solo, nossa primeira estrutura. É ele que absorve a luz do sol e irradia levando substância aos outros minerais. É ele que recebe a carga de energia do raio das tempestades. Por nada devemos tocar no ouro pois ele não nos pertence. É criação de algo maior, para outros propósitos. Para adornar e ressaltar nossa beleza temos tudo orgânico, a arte como nosso trânsito deve ser íntegra e seguir o fluxo da passagem e o ouro é um metal inoxidável que funde as existências fluidas pois foi tirado de sua básica função.

O garimpo parece, mas não é bom, não não é.

OLÁ EU SOU O BURITI

Olá eu sou o buruti. Sou uma árvore agora, mas antes fui ogro até provocar o makuxi.

Todas as vezes quando os homens makuxi, que moram no lavrado, iam pro ajuri, nós, então ogro, íamos até suas casas em forma de makuxi e das mãos de suas mulheres tomávamos todo o caxiri a eles reservado. Quando os verdadeiros makuxi voltavam do trabalho, não havia mais caxiri, nem peixe ou qualquer coisa. Um makuxi desconfiou e por tudo quis saber o que acontecia e o que era possível fazer. Então o makuxi soube que nós, ogro, hoje buriti, era quem comíamos suas comidas e bebíamos as suas bebidas. De imediato o Makuxi nos transformou em buriti, e assim ficamos fixos no pântano que hoje é conhecido como buritizal.

E cá estamos, nós e os Makuxi.

Para os Makuxi, nós, buriti, damos tudo.

De nossas palhas saem fibras para os colares e vestimentas, coisas do trabalho também são feitas de nossa palha assim como a cobertura das casas. E nossa fruta dá um vinho bom que se come com farinha ou puro direto do pé. Nosso tronco dá a paxiúba, lascas mais finas são armação para a cobertura. Em pranchas mais largas dá a parede e mesmo o nosso caule dá pra fazer arco e tudo de que precisa na vida o makuxi.

Olá eu sou o buruti. Sou uma árvore agora, mas antes fui ogro até provocar o makuxi.

EU APROVO THE GIANT STEPS

Eu ouvi dizer que há um gigante a andar no mundo e eu quero ver.

Eu quero conversar com ele, por isso vou deixar comida e água para que se aproxime.

O gigante não deve querer nos devorar, então o que será que ele quer?

Eu vou esperar a hora do gigante passar e eu vou esperar deitado na rede, na sombra do mirixi.

Eu ouvi dizer da passagem de um gigante, algo que nunca andou por eles lados. Ele deve precisar de ajuda, pois todo passageiro por esses bandas, precisa de algum tipo de ajuda.

Pois eu vou aprovar a passagem dele em minha casa e vou esperar, pois eu quero contar as novidades para ele. Vou preparar caxiri bem forte pra quando ele passar, ficar um pouco por aqui.

Eu aprovo a passagem do gigante e vou esperar ele deitado na rede , na sombra do mirixi, isso eu vou sim.

LADO A LADO BURITI

Ao lado do buriti há tudo de ti, teu cheiro, tua roupa, teu chinelo, teu rastro nu e sua ausência.

Ao lado do buriti há outro, há outro e outro e na sombra da palha mora o jabuti.

Ao lado do buriti há um colibri, um feixe de lenha que deixo pra ti.

Meu amor está em ti, ó buriti, me espere voltar pois vou bem ali.

QUASE TEMPESTADE

Quase tempestade mas só rotina da estação.

Quase tempestade numa tarde alagação.

Quase tempestade umidade inflação.

E no sinal cruzado, vermelho pra contra mão.

Virão dos muros as vozes da razão

virão das flores as almas

AQUILO ALI É KAPÓI, A LUA

A lua é como uma mãe cheia de luz.

A lua regra as regras, da mulher e natureza.

Ao homem clareia as ideias, pondo sua própria loucura em sedução.

Aquilo ali é a lua, Kapói, senhora absoluta, mulher universal de todas as fases do ser.

O SOL NÃO SE DESPEDE.

Na calda do sol há um lugar de descanso onde ele mesmo deita ao passar de um lado ao outro do mundo. O descer do sol é uma música universal e sua entrada triunfal em outro dimensão causa um estupor de vida que tem, exatamente nessa passagem, seu esplendor!

O Sol não se despede, ele deita momentaneamente em um lugar especial que carrega em sua própria luz, em sua própria calda, em si, e só.

Dá ao infinito?

Pegue um pouco da paz desse lugar, aproveita, a violência está ao lado, passe momentos de paz.

Passe um momento comigo que morto já estou fora da guerra.

Passe um momento por aqui onde há de se estender esse ver outra vez.

Passe como as passagens que vivas são só passagem.

A MONTANHA DO MACACO GUARIBA

Na curva da estrada destoa da paisagem a grande montanha do macaco Guariba.

Não dá pra explicar aqui, mas lamentar a falta de respeito do homem branco que desceu de helicóptero no topo, onde nenhum de nós Makuxi se atreveu a ir. Indo lá, pelo ar, do topo da montanha sagrada foi roubado mais um algo essencial para o equilíbrio de nossas vidas plenas.

O que aconteceu? Falhamos em nossa vigilância em cuidar de nossos sagrados, já que não são mais segredos…?

O que acontece com quem roubou? A natureza compreende, ou manda sues feitos aos seus modos? E quanto a nós, indígenas Makuxi?  Pois foi, e o homem branco continua vindo com toda a sua vontade de fazer maldades. Eles por tudo se recusam a nos respeitar ou minimamente considerar a nossa existência.

Mas eu sei o que acontece quando isso acontece. Todo o mundo se enfraquece e todos, exatamente todos sofremos por nossas fraquezas e desobediências.

Roubaram o nosso sagrado. O homem branco veio de helicóptero, desceu na corda onde nenhum de nós ousou ir. Pois ele foi lá e perplexo ficamos com tamanha selvageria.

A ORDEM DO MUNDO

A « ordem do mundo » eu não quero em  minha casa dizendo o que devo e o que não devo fazer com meu pessoal. A ordem do mundo é pesada, cheia de julgamentos condenatórios. E, a ótica da lei maior do mundo capitalista me diz a todo momento que estou errado. Me diz que o modo como vivemos está errado, que é uma forma atrasada de viver pois atrapalhamos o desenvolvimento. Não, isso não e verdade e eu vou tapar os ouvidos dos meus filhos para não escutarem essa ofensa. Meus filhos não merecem saber tão cedo que o mundo os acha desnecessário, o que somos um estorvo ao país que nos deixa órfão de terra e paz!

Não, não atrapalhamos a vida de ninguém e para onde vamos, vamos todos juntos pois trabalho para nós é o mesmo que vida e estudo também e felicidade ou tristeza preferimos viver tudo isso juntos!

VIGILANTE

Vigiar o que já foi liberto

talvez o desejo chame alguém de volta pra casa

talvez voltar não esteja no jogo, na rua há vida e plenitude

perto de casa, ideia de partir, ficar e pertencer.

A mosca curiosa alardeou o ser que discreto passava.

Mas quem mandou passar perto da mosca, a que tudo vê, tudo percebe, tudo sente.

O SONHO DO CASTELO

Um sonho precisou de um castelo e foi buscar um na natureza.

Na natureza tudo existe para a completa perfeição.

Tudo está ao alcance dos olhos que têm emoção.

Tudo está ao toque sensível do coração.

A Fronteira

Um em cada canto do mundo de lá foram puxados pelo cheiro das flores.

Estando juntos dividiram o néctar e nem viram diferenças juntas

Meu dia.

E teve o dia em que o homem subiu, bem alto e assustou.

E teve o dia em que o homem desceu, bem baixo e se perdeu.

Donwloading the sky – please press botton CANCEL

O HOMEM E AS POMBAS, AS BOMBAS NA LUA

Duas pombas planejaram, sem alardear, que deveriam ir à lua.

Elas desconfiaram da mentira do homem e foram ver se de fato eles estiveram lá.

Saíram, céu estrelado, nem à lua avisaram que estavam indo lá.

Uma vez lá, procuram o milho, a praça, o lixo.

Não achando nada, voltaram enganadas e estão até hoje a pensar, pensar e pensar.

Uma Mulher YanoONU

Você sabe, mas não faz ideia da força dessa mulher

Parece tão pequena essa gigante.

Ela mandou a filha pra vó da floresta e veio pro mundo branco tingir de colorido o olho branco do mundo.

Você sabe, mas não faz ideia da força dessa mulher

YanoONU nos leve, por favor, em suas mãos, que fazem cestos de fibras e com ópticas desfibrilam os curtos casos de que elas não menos quando são tudo o que ainda temos de ideia de amor.

Com muito Respeito ao Casal Yanomami Dário Yawarioma e sua esposa Angelita Yanomami.

Obrigado.

Olá sou um homem nativo onde hoje é o Brasil, Roraima.

Eu sou artista e levo meu olho para ver várias partes do mundo.

Eu sou um artista trabalhador e eu já trabalhei em diferentes profissões para conseguir me posicionar como artista.

Essa foto é uma gratidão a todos os trabalhadores braçais ou Red Necks como são conhecidos os homens e mulheres que preparam as bases do mundo para o Glamour brilhar.

Eu gosto da cor laranja, eu gosto da ideia da força, da luz e da energia dessa cor.

Em qualquer parte do mundo, mesmo na floresta mais densa, o alaranjado é sempre um sinal de: Atenção, atenção para a VIDA!

Thanks a lote everybody!